RELEMBRAR OS NOSSOS MORTOS E LUTAR PELA VIDA

André Luiz de Souza tinha 29 anos quando morreu vítima das péssimas condições de trabalho imposta pela Usiminas e suas terceirizadas. Essa morte, que ocorreu dentro da planta da usina em Cubatão/SP, se soma a mais de 50 outras mortes dentro da mesma Usiminas e a maioria dos trabalhadores eram contratados por empresas terceirizadas.

Nos canaviais, trabalhadores no corte da cana-de-açúcar continuam a levar uma vida muita amarga e dura e são muitos os que morrem vítimas da fatiga intensa e brutal a que homens e mulheres são submetidos.

O trabalho nessa sociedade do Capital adoece e mata: quando não são as mortes súbitas que levam parte de nossa classe a morrer de cansaço, ou esmagada, ou eletrocutada pelas péssimas condições de trabalho, a morte lenta provocada por tantos agentes nocivos presentes nos locais de trabalho, como o amianto – essa fibra cancerígena largamente utilizada em vários ramos das indústrias que já levou milhares de trabalhadores à morte. A fibra assassina que vai sugando lentamente o ar daqueles que por anos foram expostos à ela.

As novas tecnologias e a qualidade total tão propagandeadas pelo Capital não veio acompanhada da qualidade de vida para aqueles que garantem os lucros dos capitalistas nas indústrias, bancos, agronegócio, comércio. Pelo contrário, hoje se misturam avanço tecnológico, formas mais precárias de trabalho e a intensidade de trabalho brutal contra os trabalhadores.

O adoecimento pelo trabalho que por muitas vezes pode levar a morte, nem sempre é visível: um câncer provocado pelo amianto pode demorar mais de 15 anos para se manifestar, nem todas as lesões por esforços repetitivos vão aparecer nos exames de imagem, como também o adoecimento mental provocado por intensas humilhações e pressão nos locais de trabalho que leva a inúmeras doenças e também ao suicídio.

Um Estado à serviço de garantir ao Capital explorar e, portanto, matar ainda mais a classe trabalhadora: nesse momento no mundo todo, os governos impõem medidas que atacam a Previdência Social e a legislação trabalhista, o que significa aumento da jornada, piores condições de trabalho e nenhuma proteção à saúde e vida dos trabalhadores.

É o que o governo Temer/MDB e a maioria dos deputados e senadores fizeram aqui: liberaram a terceirização para qualquer atividade, ampliaram as formas de contratação temporária e fizeram a reforma trabalhista dos patrões. Esse pacotaço tem por finalidade: aumentar e intensificar as jornadas de trabalho, retirar direitos e liberar os patrões para piorar ainda mais as condições de trabalho.

E depois de ter a saúde roubada pelo patrão e o adoecido procurar o auxílio legítimo da Previdência Social, lá também o governo já agiu para continuar a lesar os trabalhadores. Exemplo disso é que, desde 2017, milhares de trabalhadores que tinham adquirido a aposentadoria por invalidez tiveram seu direito cassado. Os meios de comunicação do Capital e de seus governos mentem descaradamente tentando dizer que na maior parte dos casos se tratava de afastamento irregular ou fraude, quando na realidade a maioria são trabalhadores vítimas das péssimas condições de trabalho.

LUTAR CONTRA AS REFORMAS DO CAPITAL E SEUS GOVERNOS É LUTAR PELO DIREITO À VIDA

Para esse sistema capitalista, somos uma mercadoria, que ele tenta esconder que quanto mais se desgasta e adoece, mais gera valor. É da nossa força de trabalho que a riqueza nasce: quanto mais adoecemos e sofremos com as péssimas condições de trabalho e vida, mais os que detêm hoje os meios de produção se enriquecem.

O 28 de abril é uma data que marca a luta em defesa da saúde e da vida dos trabalhadores e,  nesse momento, lutar contra as reformas impostas pelos patrões e pelos governos é lutar em defesa do emprego, dos direitos e principalmente em defesa da vida.

“Abraço Final”, fotografia da bengalesa Taslima Akhter após o colapso de um prédio comercial em Daca, Bangladesh