Os estudantes da Universidade Federal do Paraná entraram em greve no dia 04 de agosto, de acordo com a deliberação de uma Assembleia Geral que contou com cerca de 500 pessoas. O debate do espaço se deu em cima da greve nacional dos servidores técnicos-administrativos, da possível greve dos docentes das federais e, principalmente, em cima de uma pauta de reivindicações estudantis bastante extensa. Com o salão cheio, em uma votação emocionante, os estudantes decidiram entrar em greve, com apenas três votos contrários e uma abstenção.
Depois desta assembleia, várias outras foram realizadas em diversos cursos, levantando pautas locais e específicas para serem incorporadas à pauta geral. Entre os problemas estavam as salas lotadas, a falta de estrutura, de livros, de moradia, a pouca quantidade de bolsas que deveria auxiliar o estudante a se manter na universidade, etc. Grande parte da UFPR foi atingida com esse processo, demonstrando a seriedade e a legitimidade da movimentação.
Ocupação e conquistas
Após 20 dias mobilizados, os estudantes ainda não haviam recebido qualquer resposta da reitoria a respeito das suas reivindicações – nada além de desculpas e promessas vazias. A falta de negociação foi entendida pelo conjunto dos estudantes como um descaso da cúpula da Universidade para com a greve.
Por esse motivo, no dia 26 de agosto os estudantes decidiram que era o momento de intensificar as mobilizações e reforçar a luta. Ocuparam a reitoria nesse dia e romperam com a normalidade do funcionamento da UFPR, em troca de respostas concretas às suas pautas.
A atitude, que foi muito criticada, assim como qualquer movimento de enfrentamento que questiona a realidade como ela está colocada, fez com que a negociação avançasse muito rapidamente e em apenas 3 dias a reitoria apresentou um documento com as propostas. Com a resposta positiva, no dia 30 de agosto a assembleia aprova o fim da ocupação e da greve. Vitória da organização dos estudantes!
As principais conquistas: Restaurante Universitário aberto 7 dias por semana, com café da manhã. Antes o RU só funcionava de segunda à sábado, com almoço e janta. Construção de moradia estudantil nas três cidades em que a universidade está, aumento do número de livros na biblioteca, aumento em 50% do número de bolsas estudantis e de 20% em seu valor. Essas conquistas mostraram que a greve é sim um instrumento legítimo, construído historicamente pelos trabalhadores, e que pode trazer melhorias concretas.
Educação precarizada
A greve realizada não só por estudantes, mas também por técnicos e professores da Universidade, refletem a precarização que a educação vem vivendo. O corte de gastos com o funcionalismo público feito pelo Governo Federal, os menos de 5% do PIB investidos na educação, entre outros, mostra que a prioridade do Estado não é a qualidade do ensino, não é a formação dos futuros trabalhadores desse país, mas sim o investimento e o auxílio às grandes empresas. As pautas dos estudantes são o resultado disso.
A greve da UFPR obteve várias conquistas, mas é só o começo. É preciso continuar na luta pela garantia de uma educação de qualidade e, principalmente, é preciso ser parte da luta geral da nossa classe.