Não só em 8 de março. A luta das trabalhadoras é uma luta de classe

As manifestações que evidenciam a luta das trabalhadoras são mais fortes no período do 8 de Março -Dia Internacional de Luta da Mulher, uma data que faz parte da história de luta da classe trabalhadora e que o capital com seus instrumentos de propaganda tentam não só ocultar seu significado para manter a desigualdade socialmente construída entre homens e mulheres, mas transformá-la em seu contrário.

Propagandas que vão dos presentes para o corpo e principalmente para casa: “renove seu fogão, sua geladeira, presenteie sua esposa com um novo sofá”, são propagandas típicas desse período que além de tentar transformar a data em festa, tratam as mulheres como se fossem extensão dos utensílios da casa para perpetuar o serviço doméstico como uma tarefa das mulheres.

A situação fora de casa também continua difícil. Embora fruto das lutas de nossas antepassadas e da luta que seguimos fazendo tenhamos garantido vários direitos, ainda recebemos menos que os homens para as mesmas funções, sofremos assédio nos locais de trabalho, ainda são as tarefas repetitivas, intensas e desprovidas de conteúdo as que estão na lista preferencial do capital para as trabalhadoras. A dupla jornada segue em nosso cotidiano, a violência física e psíquica dentro e fora de casa, o estupro, a criminalização contra as mulheres trabalhadoras que praticam o aborto são exemplos que mostram que nossa luta não pode ser visível apenas no mês de março de cada ano.

Na Intersindical decidimos em nossa Plenária Nacional realizada em 2009 garantir que as lutas das mulheres trabalhadoras façam parte do cotidiano das ações do Instrumento de organização e luta que estamos consolidando a cada dia. Também decidimos que não podemos ocultar que a consciência machista imposta não deixou imune nossos companheiros, portanto enfrentar isso faz parte das nossas principais ações, superar as relações desiguais também em nossos espaços de luta.

No ano passado nossa decisão foi de estar para além das marchas, organizando ações a partir dos locais de trabalho, dessa forma realizamos assembléias, atrasos na produção, atos que pararam a circulação de mercadorias, participamos de debates que reuniram centenas de trabalhadoras, em vários estados do país.

Fizemos isso junto com nossos companheiros, pois é preciso enxergar que a luta das mulheres trabalhadoras é uma luta de classes: que a cada salário menor que as mulheres recebem, o capital consegue arrochar o salário do conjunto dos trabalhadores, que a imposição do serviço doméstico como uma tarefa das trabalhadoras,possibilita ao capital e seu Estado se utilizarem desse serviço não remunerado e que é fundamental na reprodução e manutenção da força de trabalho. Esses são apenas alguns exemplos, que mostram que o que parece ser especifico às mulheres trabalhadoras atinge o conjunto da nossa classe.

Nesse 8 de março, mesmo com o batuque do carnaval, várias manifestações vão ocorrer. A Intersindical em seus sindicatos e coletivos em diversas regiões estará realizando também várias atividades de debates às mobilizações nos locais de trabalho, mas o nosso desafio é ir além do 8 de Março, é nisso que estamos empenhadas/os.

Relembrar no cotidiano de nossa luta, que há um tempo não distante trabalhadoras se colocaram em movimento pela redução da jornada, contra a carestia, por melhores condições de vida e trabalho e juntos com seus homens de classe fizeram uma Revolução Socialista.

Sem as mulheres a luta fica pela metade, e pela metade fica a luta das mulheres se ela não for junto com a classe em todos os enfrentamentos contra o Capital e seu Estado.

JUNTAS COM NOSSA CLASSE
Pela descriminalização e legalização do aborto.
Por creches e lavanderias publicas e coletivas
Por aumento e igualdade salarial
Aumento da licença maternidade e parternidade
Punição aos agressores e proteção às mulheres vitimas de violência
Contra qualquer reforma que tente diminuir e acabar com direitos para a presente e as futuras gerações (como ensaia o governo Dilma com a proposta de reforma da Previdência)

NOSSA LUTA É TODO DIA
PARA CONSTRUIRMOS UMA SOCIEDADE SOCIALISTA ONDE SER DIFERENTE, NÃO SIGNIFIQUE SER DESIGUAL.