ESTUPRO É CRIME, QUEM TENTAR DAR OUTRA INTERPRETAÇÃO A ESSE ATO DE EXTREMA VIOLÊNCIA É CONIVENTE COM O CRIME

Mais do que homens defendendo homens, homens do Judiciário defendendo homens ricos num caso em que a mulher vítima de estupro foi punida e o criminoso segue impune.

Em 2018, Mariana Ferrer estava trabalhando numa festa que reúne ricos numa das regiões mais badaladas de Florianópolis, foi dopada durante a festa e estuprada pelo empresário André de Camargo Aranha, que é filho do advogado do grupo Globo, Luiz de Camargo Aranha Neto.

Durante todo o processo os fatos mostram a intenção de absolver o acusado e condenar a vítima à mais violência: no exame de corpo delito realizado na jovem foi encontrado sêmen do estuprador e constatado rompimento do hímen da vítima, na época o promotor responsável pelo caso apresentou denúncia contra André de Camargo Aranha e fez o pedido de prisão. Outro promotor entrou no caso, Thiago Carriço de Oliveira, que inventou a absurda e misógina tese de “estupro culposo’, a aberração jurídica e a violência é tamanha que o argumento do promotor é que não havia condição do estuprador saber se a vítima estava consentindo com a violência sexual a que foi submetida.

Durante o julgamento Mariana foi humilhada, agredida verbalmente, desrespeitada por Cláudio Gastão, advogado do estuprador, um dos advogados mais caros de Santa Catarina que vomitou não só a moral machista, como reverberou o discurso misógino para tentar punir a vítima e  absolver o estuprador. 

O juiz do processo Rudson Marcos assistiu de forma conivente à toda essa violência e o circo de horror culminou com sua decisão absurda em absolver o estuprador dizendo que é: “melhor absolver cem culpados do que condenar um inocente”. Dessa forma, o juiz responsável pelo caso absolveu um criminoso em mais uma decisão judicial em que quem tem dinheiro sai impune mesmo tendo cometendo crime.

Num país onde milhares de mulheres e homens pobres em sua maioria negros estão encarcerados esperando por julgamento ou por sua liberdade e que não têm acesso ao devido processo legal, esse julgamento escancara novamente o caráter de classe do Estado que protege aqueles que detêm o poder econômico e potencializa a opressão contra as mulheres. 

Mais do que se colocar em movimento contra essa decisão absurda conivente com um crime de estupro, é preciso fortalecer a luta contra a violência que fere e mata milhares de mulheres seja através do estupro, da ausência de política públicas, da ideologia que submete e tenta transformar a mulher em objeto, essa é uma luta que só avança na luta de mulheres e homens trabalhadores, é uma luta de classe, é uma luta da classe trabalhadora.