O Capital investe contra a classe trabalhadora para sair de mais uma de suas crises cíclicas de super produção. A manifestação da crise já em 2007 tinha em seu aspecto mais visível uma crise financeira, ou como muitos a denominaram uma crise de credito que se manifestou no setor imobiliário nos EUA.
Dessa maneira o Capital e seus agentes midiáticos tentaram esconder o conteúdo da crise, ou seja, as grandes multinacionais ao mesmo tempo em que bateram todos os recordes de produtividade e vendas, viram no segundo semestre de 2008 seus lucros despencarem.
Ao investirem pesado em novas tecnologias, exigência da concorrência entre si e da disputa pelo monopólio mais uma vez foram vitimas de sua própria gênese, ou seja, é nesse exato momento que percebem a queda tendencial de sua taxa de lucro.
Pois por mais modernos que sejam seus equipamentos e máquinas eles sozinhos não transferem valor, a única fonte produtora de riqueza e capaz de produzir valor novo é o trabalho da classe trabalhadora.
E é exatamente por isso que precisam para recuperar mais um ciclo de expansão e concentração de riqueza reduzir ao máximo o valor da nossa força de trabalho, é disso que se trata a investida dos patrões no sentido de flexibilizar a jornada com o banco de horas, tentar impor a redução de direitos e salários e propor a suspensão dos contratos de trabalho.
As grandes empresas no Brasil como a Vale além das demissões já efetivadas propõe a suspensão temporária das leis trabalhistas, a FIESP tenta impor acordos de redução de jornada com redução salarial, já afirmando que não garantira estabilidade no emprego, no máximo o “nível de emprego” nas indústrias. Em outras palavras querem reduzir os salários, demitir e contratar com salários menores.
O governo Lula que num primeiro momento dizia que o Brasil estava blindado contra a crise, no passo seguinte disse que ela não passaria de uma “marolinha” e agora seus próprios dados mostram o tsunami contra os trabalhadores. Só no mês de dezembro as demissões ultrapassam 600 mil.
O Estado age como uma das principais contra-tendencias do Capital.
Nos EUA o Tesouro e o FED, emitiram cerca de US$ 1,5 trilhão para tentar salvar as três grandes montadoras, GM, Ford, Chrysler. Antes disso fizeram um socorro aos banqueiros que resultou na estatização dos megas bancos americanos.
No Brasil, os bancos receberam R$ 160 bilhões do Banco Central, além disso, adquiriram parte do Banco Votorantim que na seqüência adquiriu a Aracruz Celulose.
O BNDES emprestou exatos R$ 78,5 bilhões para as empresas investirem. Cerca de R$5,25 bilhões saíram dos recursos do FAT. Ou seja, patrões e governo usaram dinheiro do próprio trabalhador para pagar as rescisões trabalhistas.
Dados de fevereiro mostram que US$ 1,9trilhão foi o gasto envolvendo EUA, Europa, Ásia e América Latina com a crise, isso é a riqueza produzida no Brasil durante 1 ano e meio e mesmo assim a OIT estima que serão 51 milhões de novos trabalhadores desempregados.
O anuncio da GM em demitir 10 mil trabalhadores e reduzir os salários dos que ficarem faz parte das exigências feitas pelo governo de Barack Obama para conseguir mais dinheiro público, mas fundamentalmente porque querem reduzir os direitos e os salários dos trabalhadores há muito tempo.
Portanto nada como uma crise de seu próprio sistema, para fazer os ajustes que não conseguiram nas crises passadas.
No Brasil as mais de 600 mil demissões provaram que não se tratava da marolinha que Lula tentou convencer os trabalhadores.
E o governo federal além dos recursos do FAT via o BNDES agora tentar ajudar na questão central para o Capital: a diminuição do valor da nossa força de trabalho.
O governo anunciou medidas para garantir os acordos de redução salarial usando os recursos do FGTS, ou seja, o patrão diminui o salário e o trabalhador saca o FGTS para complementar sua renda, são os trabalhadores pagando a conta dos patrões.
É certo que os setores mais atacados são os trabalhadores do setor produtivo, centrados na produção de ponta como é o caso do ramo metalúrgico.
Mas o conjunto das outras categorias na cidade e no campo também está sendo atacado. Só no nordeste em janeiros foram 20 mil demissões de trabalhadores rurais. E os empresários já exigiram do governo Lula o congelamento dos salários do funcionalismo público, além de já imporem ataques como exigência de produtividade e aumento da jornada.
A TAREFA É ORGANZAR A LUTA A PARTIR DOS LOCAIS DE TRABALHO EM DEFESA DO EMPREGO, SALARIO E DIRETOS.
Não são só os governos que operam para atender as demandas do Capital.
Várias centrais sindicais têm se juntado aos patrões e como mediadores do Capital tem levado uma parcela importante dos trabalhadores a mais uma derrota.
A Força Sindical, central sindical criada dentro dos RH’s das empresas, faz campanha aberta junto à FIESP (principal representação patronal no País) pela redução salarial e a flexibilização de direitos.
A CTB (central recém criada pelos militantes do PCdoB que romperam com a estrutura da CUT e não com sua política) , faz um discurso, mas tem outra pratica, já assinaram acordos com redução salarial principalmente na região sul do País.
A CUT que na década de 90 através de sua direção majoritária já tinha feito as experiências de Câmara Setorial, acordos de banco de horas e redução salarial, mais uma vez tenta enganar os trabalhadores.
Tem um discurso noticiado pela imprensa onde se coloca frontalmente contra a redução de salários e direitos, mas ao mesmo tempo importantes sindicatos do Rio Grande do Sul, Minas e São Paulo (região do ABC e Sorocaba) já fizeram acordos com redução salarial, banco de horas e suspensão dos contratos de trabalho.
A Intersindical está empenhada na ampliação de nossa organização a partir dos locais de trabalho, para fortalecer a luta contra os ataques que não serão pequenos. Nossos sindicatos fazem parte daqueles que resistiram nas crises anteriores ao pacto é por isso que temos direitos que já foram entregues pelas outras centrais sindicais.
Construir a resistência e a luta a partir dos locais de trabalho e moradia, estabelecer a unidade de ação com todos os setores do movimento sindical e popular que não se renderam ao pacto com o Capital e a submissão ao governo Lula.
Por isso estamos empenhados nas mobilizações das diversas categorias: metalúrgicos, químicos, vidreiros, sapateiros, professores, funcionários públicos, operários da construção civil, trabalhadores precarizados, na informalidade e desempregados.
Nossa próxima ação geral é A JORNADA DE LUTA INTERNACIONAL, QUE ACONTECE ENTRE OS DIAS 27 DE MARÇO A 03 DE ABRIL.
NO BRASIL MANIFESTAÇÕES ACONTECERÃO NOS DIAS 30 DE MARÇO E 1 DE ABRIL. ONDE VAMOS ORGAZINAR MOBILIZAÇÕES COM O OBJETIVO DE PARAR A PRODUÇÃO E A CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS EM IMPORTANTES ESTADOS DO PAÍS.
Acumular forças nas mobilizações cotidianas e no dia nacional de luta para extrapolar as fronteiras das categorias e nações e a exemplo do que nossos companheiros fizeram na França construir nesse País a GREVE GERAL.