CRIANÇAS TRANCAFIADAS E TRATADAS COMO CRIMINOSAS. SERES HUMANOS IMPEDIDOS DE CAMINHAR PARA LONGE DA FOME E DA MORTE.

Fernanda Jaqueline, uma criança hondurenha de dois anos de idade, teve que se apresentar recentemente num Tribunal federal de imigração nos EUA.  Qual o crime de Jaqueline? O mesmo que o de mais de 13 mil crianças que foram arrancadas de seus país nas fronteiras do EUA, a mando de Donald Trump respondem: o direito de migrar buscando a sobrevivência.

São milhares de crianças, jovens, homens e mulheres que migram fugindo da violência e da fome e quando chegam na fronteira dos EUA, descobrem que o sonho americano, na realidade é o pesadelo para os pobres e trabalhadores. Os que conseguem entrar serão submetidos aos trabalhos mais precários, explorados ainda mais sob a ameaça de extradição.

A marcha que partiu de Honduras, Guatemala, El Salvador reúne milhares de homens, mulheres e crianças que marcham fugindo da violência e da miséria a que estão submetidos todos os dias nesses países, chegou a poucas semanas no México e tenta seguir rumo aos EUA. Entre essa multidão, está Mário, uma criança de 12 anos que está só, como Mário, são centenas de crianças e adolescentes na mesma situação, não por abandono de seus pais, mas por conta da miséria que devassa a vida de famílias inteiras. Violência e miséria que são provocadas pelo centro do sistema, os EUA, que impõe às economias dominadas mais exploração, o que significa arrocho salarial, desemprego, ausência de serviços públicos.

Esses milhares de seres humanos que marcham em busca da sobrevivência foram recebidos no México pelas balas da repressão do Estado e o governo de Donald Trump já enviou milhares de militares para a fronteira dos EUA para impedir à bala a entrada dessas crianças, homens e mulheres nos EUA.

Donald Trump acirrou ainda mais a violência contra os trabalhadores no período das eleições legislativas, tentou impor sua maioria republicana na Câmara e no Senado, mas sofreu derrota na Câmara e muito além do resultado eleitoral, o importante é ver que no centro do sistema, parte significativa dos trabalhadores começa a despertar e ver a quem serve esse governo.

Trump lá e Bolsonaro aqui, juntos para fomentar o ódio e aumento da exploração: Bolsonaro não se cansa de derramar elogios à Donald Trump e sua política de segregação. O futuro governo, no mesmo dia que anunciou seu ministro das relações exteriores, Ernesto Araújo um burocrata do terceiro escalão do Itamaraty, que faz declarações absurdas contra as demandas que tratam sobre o grave problema do aquecimento global e que é um entusiasta da política de preconceito e ódio de Trump, também atacou as centenas de médicos cubanos que estão no Brasil. O futuro governo atacou médicos que atendem a população nos grotões do país onde o acesso a saúde é ainda mais precário, chegando a levantar dúvidas se esses profissionais de fato foram diplomados em medicina.

Segregar seres humanos, trancafiar crianças e separá-las de seus pais, impor reformas que retiram direitos trabalhistas, que tomam o direito à aposentadoria e à Previdência, aumentar a repressão do Estado travestidas de combate ao terrorismo que eliminam milhões de seres humanos, são as diversas armas do Capital para impor e ampliar ainda mais a opressão e a exploração contra os trabalhadores.

Independente se nascemos no Brasil, em Honduras, na Venezuela, nos EUA ou em qualquer país, antes de nossa nacionalidade, somos seres humanos e aqueles que migram têm algo em comum fundamental a todos a nós, mas que o Capital e seu Estado tentam ocultar para manter a exploração. A maioria esmagadora dos que migram pertencem à classe que quanto mais trabalha e adoece, mais gera a riqueza que é concentrada nas mãos de poucos, a classe trabalhadora.   

Por isso, mais do que não ser indiferente, é preciso enxergar que aquele ser humano que tenta entrar no México, nos EUA, na Europa, ou no Brasil, não é um inimigo, é um igual, que busca melhores condições de vida e trabalho.

Romper as cercas das nações que foram erguidas para dividir a classe trabalhadora, se faz no gesto ativo da solidariedade aos trabalhadores e seus filhos que tentam migrar e na luta contra as investidas do Capital e seus governos que atentam contra os direitos, a dignidade e à vida de nossa classe.