O preconceito e miséria matam: moradores em situação de rua são atacados e assassinados em várias cidades do Brasil

No mês de novembro, em Niterói/RJ, uma moradora de rua é assassinada por um homem depois de pedir R$1,00. Néia, como era conhecida, caiu no meio da rua, algumas pessoas tentaram ajudar, outras passaram indiferentes, o assassino Aderbal Ramos de Castro atirou várias vezes e seguiu seu caminho com a arma na mão.

No mesmo mês de novembro quatro moradores de rua em São Paulo morrem e a suspeita é a de que foram envenenados.

Em Teresina/PI, o governo municipal registrou só no ano de 2019, 8 assassinatos contra pessoas que moram na rua.

Essas são algumas das muitas notícias que registram o aumento dos assassinatos contra as pessoas que estão vivendo nas ruas, mas pouco se fala do número cada vez maior de homens, mulheres, idosos, jovens e crianças que estão nas ruas, vítimas da miséria que segue aumentando, da mesma forma que aumenta a concentração de riqueza nas mãos de poucos e o enorme fosso de desigualdade social.

O aumento de pessoas morando na rua tem ligação imediata com o aumento do desemprego e com o desmonte dos serviços públicos; são muitos trabalhadores, homens e mulheres que após a demissão, não tiveram mais condições de pagar o aluguel e tiveram que ir para a rua com seus filhos; aposentados do serviço público no Rio de Janeiro, da mesma forma como aqueles que continuam no trabalho, ficaram meses sem receber sua aposentadoria e foram parar em abrigos ou nas ruas da cidade.

Com a mesma intensidade que cresce o desemprego e a miséria, os governos diminuem drasticamente os recursos públicos na área da assistencial social. O governo Bolsonaro, em seis meses, cortou 1,15 milhão de beneficiários do Bolsa Família, dessa forma o número de atendidos nesse programa social foi o menor desde 2017.

Cortam programas sociais, cortam direitos: nas Medidas Provisórias de Bolsonaro, como a MP 905, o governo passa por cima de direitos básicos, como até a garantia de contratação de pessoas portadoras de necessidades especiais e em outras medidas, como a que cassa as aposentadorias por invalidez de milhares de trabalhadores que não têm a mínima condição de retorno ao trabalho. Esse massacre contra direitos básicos têm contribuído para aumento da miséria, e de tantas pessoas de nossa classe, não tendo nenhum alternativa a não ser vagar pelas ruas do país.

Enquanto isso, a concentração de riqueza aumenta, os 10 mais ricos no Brasil, concentram mais de R$400 bilhões, o equivalente a aproximadamente 6% do PIB do país em 2018.

Ou seja, enquanto milhares vagam pelas ruas sem ter onde morar e o que comer, uma pequena parte dessa sociedade dividida em classes se farta em seus banquetes e mansões sugando a riqueza produzida através de muita exploração.

Se entristecer e ser solidário apenas nas festas de fim de ano não vai acabar com o sofrimento de milhares que estão nas ruas não por opção, mas sim porque são vítimas desse sistema que explora e mata.

É preciso reagir e isso se faz de forma coletiva, lutando por direitos que não são conquistas individuais, mas garantias que só vieram depois de muita luta que gerações de nossa classe que vieram antes de nós realizaram.