FOI EMBOSCADA E MASSACRE DA POLÍCIA MILITAR CONTRA JOVENS POBRES

Era mais um sábado à noite em que jovens, que quase nada têm e muito menos espaço para lazer, se reuniram no que chamam de “pancadão” ou baile funk, em Paraisópolis, comunidade pobre que tem mais de 100 mil habitantes. Paraisópolis fica ao lado de um dos bairros ditos nobres de São Paulo, o Morumbi, e lá a Polícia Militar não faz o que fez na comunidade de Paraisópolis.

O próprio novo comandante da ROTA (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar) da Polícia Militar de São Paulo, Ricardo Augusto de Mello Araújo, disse em entrevista que a abordagem em bairros como os Jardins, (onde se concentra parte da burguesia paulistana) tem que ser diferente da abordagem que a PM faz nas periferias, ou seja: para os ricos, subserviência, para os pobres, tiros.

Já era madrugada de domingo (dia 01/12) quando a Polícia invadiu o baile de Paraisópolis, e diferente de outras ocasiões, dessa vez não dispersou a multidão; a PM cercou o baile e encurralou os meninos e meninas nas vielas da favela, foi uma emboscada preparada por quem está, a partir das declarações e projetos do governo de São Paulo e do governo federal, se achando liberado para matar geral.

Os meninos e meninas, tentando fugir do massacre provocado pelas mãos armadas do Estado, morreram pisoteados, vários foram atingidos pelas bombas, cassetetes e porradas da Polícia. Nove jovens morreram vítimas de mais uma chacina provocada pela repressão do Estado, outras dezenas estão feridas.

Em Paraisópolis, mais de 30% da população é formada por jovens, e como em tantos outros lugares do país, também estão em grande parte desempregados; não há emprego, não há vagas para todos nas escolas, não há espaço para lazer, a única coisa que abunda é o desrespeito e a violência praticados pelos órgãos de repressão, seja a Guarda Metropolitana, seja a Polícia Militar.

Não se trata de combate ao crime organizado, não se trata de combate ao tráfico de drogas, a Polícia segue é matando os jovens da periferia, ou seja, segue matando os pobres que em grande maioria também são negros. Uma ação com essa da Polícia Militar não será vista nas festas ruidosas dos filhos da burguesia regada a muita droga; essas festas acontecem nos condomínios fechados e também em espaços abertos e são completamente aceitas pelos órgãos de repressão.

O governador João Dória, com a hipocrisia que faz parte de seu ser, se limitou a “lamentar” as mortes em Paraisópolis, para na sequência elogiar o trabalho realizado pela Polícia Militar de São Paulo, ou seja, é o elogio ao extermínio de vidas jovens pobres e pretas.

O massacre que tirou a vida de 9 jovens que só buscavam um espaço no meio de tanta miséria para se divertir tem a cumplicidade também de quem está no governo federal, Jair Bolsonaro e seu ministro Sérgio Moro, que querem aprovar um Projeto de Lei denominado excludente de ilicitude para desresponsabilizar policiais de chacinas como a que fizeram em Paraisópolis; é liberar geral o braço armado do Estado para matar trabalhadores e seus filhos.

Os meninos e meninas tinham nome e toda uma vida pela frente, esses meninos e meninas fazem parte de uma comunidade, suas mães, pais, irmãos, amigos choram mais do que uma perda, choram as vidas arrancadas pelas mãos daqueles que tentam criminalizar seres humanos a partir de sua condição social e de sua cor.

Gustavo Cruz Xavier tinha 14 anos; Dennys Guilherme dos Santos Franco tinha 16 anos; Marcos Paulo Oliveira dos Santos tinha 16 anos; Denys Henrique Quirino da Silva tinha 16 anos; Luara Victoria Oliveira tinha 18 anos; Gabriel Rogério de Moraes tinha 20 anos; Eduardo da Silva tinha 21 anos; Mateus dos Santos da Costa tinha 23 anos; Bruno Gabriel dos Santos tinha ido ao baile comemorar seu aniversário de 22 anos.

Esses jovens são filhos de nossa classe, são filhos de trabalhadores, jovens que saíram de casa não para roubar, ferir ou matar alguém, esses jovens foram se encontrar com amigos para um pouco de alegria que desafia o cinza da miséria, da falta de acesso a serviços públicos, mas o que encontraram no domingo foi a morte premeditada pelos órgãos de repressão do Estado.

É o sangue dos nossos mais uma vez derramado, é vida da nossa classe novamente arrancada.

EXIGIMOS PUNIÇÃO A TODOS OS POLICIAIS ENVOLVIDOS NO MASSACRE.

EM DEFESA DA VIDA DA CLASSE TRABALHADORA E DE SEUS FILHOS.

CONTRA OS PROJETOS DE LEI DE BOLSONARO/MORO DE AMPLIAÇÃO DA LEI DE GARANTIA DA LEI E DA ORDEM (GLO) E DE EXCLUDENTE DE ILICITUDE.