A foto fala mais que as palavras: em maio desse ano, na cidade de Ipubi, sertão de Pernambuco, uma criança de apenas 3 anos está descascando mandioca, sua mãe também trabalha na produção da farinha, não há creche para deixar a filha, e lá a pequena foi obrigada a também trabalhar.
Em Crisópolis, cidade do interior da Bahia, 8 crianças foram retiradas da produção de mandioca; nesse local, uma menina de 11 anos, alternava o trabalho na produção de farinha, com sua lição da escola.
Adolescentes são obrigados a operar máquinas de triturar mandioca, além de ser proibido o trabalho de crianças e adolescentes, as condições de trabalho impostas aos pequenos e jovens é a forma mais escancarada da crueldade das condições de trabalho.
As fiscalizações do Ministério do Trabalho e do Ministério Público do Trabalho aplicam multas, fazem interdições, mas as empresas que lucram explorando o trabalho de pais, mães e seus filhos continua, portanto se não houver fiscalização regular e ações que de fato combatam o trabalho infantil, essa crueldade contra as crianças, além de se manter, vai se ampliar.
E se depender de Bolsonaro essa situação vai piorar, pois uma das primeiras medidas do governo foi acabar com o Ministério do Trabalho, diluindo a função desse ministério, nos ministérios da Economia e da Justiça e, nas várias Medidas Provisórias que tem feito, o governo quer reduzir ainda mais as fiscalizações, além disso, tenta passar por cima das funções do Ministério Público do Trabalho, tudo para manter impunes as empresas, o que vai ter como o resultado a carnificina de direitos e vidas.
Para piorar ainda mais a situação das crianças no Brasil, o governo publicou um Decreto no dia 27 de novembro que tem por objetivo liberar a privatização das creches no país; a justificativa enganosa para o decreto é que isso resolveria o passivo de obras inacabadas. Mas a realidade é que Bolsonaro quer entregar tudo que é público que possa se tornar fonte de lucro para os capitalistas: a saúde, a educação e agora até o espaço que deveria ser público e gratuito para cuidar das crianças, vai se transformar em mercadoria; se hoje já é enorme a demanda de mães procurando vagas para seus filhos em creches, com a privatização é o fim das vagas para os filhos dos pobres.
Longe daqui, em Madagascar, crianças de apenas 4 anos estão trabalhando em minas de extração de mica, um mineral muito utilizado nas indústrias de cosméticos, de eletrônicos e na indústria automotiva, milhares de crianças fazem parte da cadeia produtiva nesse pais que é o maior exportador mundial desse minério.
São crianças, seja aqui no Brasil, em Madagascar ou em tantos outros países, que deveriam estar brincando, sendo cuidadas, estudando, mas estão sendo submetidas a exploração imposta por esse sistema capitalista que concentra riqueza nas mãos de poucos enquanto a maioria sofre com a extinção de direitos, com o desemprego, a miséria.
Só se indignar com essa crueldade não basta, é preciso reagir e isso se faz lutando contra as medidas dos governos, que à serviço dos interesses de quem concentra riqueza ataca os direitos, a dignidade e a vida.