A BURGUESIA E SEU ESTADO TENTA CRIMINALIZAR AQUELES QUE ESTÃO NA LUTA DA CLASSE TRABALHADORA POR SUA EMANCIPAÇAO E DE SEUS FILHOS

No dia 16 de agosto de 2017, os professores Ricardo Scopel Velho e Maicon Fontaine foram afastados de suas funções no campus do Instituto Federal Catarinense na cidade de Abelardo Luz por uma juíza através de denúncias feitas por um procurador do Ministério Público Federal. E quais as irregularidades em suas condutas? Nenhuma.

Estavam em seu dever de oficio implementando um programa pedagógico que atendesse os filhos dos trabalhadores rurais, esses que sempre estão à margem dessa sociedade de classes, que entende a educação como um instrumento para atender os interesses do Capital.

O campus de Aberlado Luz foi construído dentro de um assentamento do INCRA e só o foi por muita luta dos trabalhadores rurais, pois se não fosse assim seria mais um Instituto para atender não as necessidades dos filhos da classe trabalhadora, mas, sim interesses do agronegócio.

O lugar onde fica o Campus responde por si só o porquê da perseguição:

A região em que fica o Campus de Abelardo Luz é marcada por dezenas de assentamentos do INCRA, mas quem domina economicamente a região são os herdeiros do coronelismo, hoje detentores dos negócios da soja e da agropecuária, como a empresa JBS.

Sendo assim, a instalação de um Campus de um Instituto Técnico Federal num assentamento do INCRA se configura para o Capital uma afronta a seus negócios e ao manuseio que faz do Estado como um instrumento servil a seus interesses.

Para tentar impedir isso, o Capital colocou os tentáculos do Estado no Judiciário em funcionamento para tentar inverter a realidade: acusando os professores de transformar o espaço da educação de jovens, num espaço controlado por um movimento de trabalhadores rurais, o MST.

Nada como a realidade, para revelar o que a ideologia capitalista tenta ocultar:

A discussão sobre os vários projetos de lei que estão espalhados por municípios e estados denominados “escola sem partido” de novo nada têm, não é de agora que o Capital tenta transformar o currículo das disciplinas das escolas públicas na extensão das disciplinas de seus SENAI’S. Esses projetos que tentam adestrar os filhos da classe trabalhadora para serem força de trabalho disponível e submissa ao Capital apenas se acelerou com o governo Temer/PMDB. Começando pela imposição da Reforma do Ensino Médio e com sua conivência aos tantos projetos de lei que se espalham pelo país, como esses da “escola sem partido”, que de fato é a “Escola que toma partido pelo Capital”.

O preconceito de classe se mostrando nas ações do Estado que tenta impedir o acesso da classe trabalhadora e de seus filhos ao conhecimento:

A denúncia patrocinada pela burguesia contra Ricardo e Maicon escancara o preconceito de classe, tentando inverter a realidade em que vivem os trabalhadores e seus filhos.

Na acusação sem fundamento material abraçada pelo procurador do Ministério Público Federal contra Ricardo e Maicon se escancara o preconceito de classe daqueles que não vivem a dura realidade da classe trabalhadora.

Para esses agentes do Estado é um absurdo o Campus de Abelardo Luz estar instalado num assentamento do Incra que fica na “distancia gigantesca “ de 30 km do centro da cidade.

Mas para esses mesmos agentes não é um absurdo milhares de crianças e jovens que moram nas zonas rurais de todo país caminharem por horas para chegar à escola, ou não terem para onde caminhar em direção ao conhecimento, pois em muitas regiões nem escola há.

Negligenciam a realidade ao esconder que os servidores públicos que foram afastados de seus cargos, tanto lutavam por melhores condições de trabalho e estudo no Campus do assentamento, como estavam discutindo a criação de mais um espaço do Campus na cidade.

Negligenciam a realidade ao afirmarem que não havia serviços de segurança e limpeza no Campus por uma imposição do MST, quanto a verdade revela que a ausência dos serviços de segurança e limpeza para todo o campus foi uma imposição do governo Temer/PMDB ao cortar drasticamente o orçamento do Campus. Memorandos e registros de solicitação desses serviços feitos pela direção do Campus e enviados aos devidos responsáveis em Brasília provam isso.

A ação do Estado cria cercas para impedir que jovens que são filhos de trabalhadores tenham acesso ao conhecimento e quando esses jovens conseguem romper essas cercas, lá vem o Estado novamente impondo mais e piores condições que vão desde a falta de limpeza de um campus à aparelhos que protejam a vida desses jovens estudantes.

Causa horror aos burgueses rurais e seus parlamentares verem jovens tendo acesso a formação que não seja apenas aquela servil aos seus interesses, causa asco a burguesia verem jovens desprovidos de condições dignas de vida e trabalho formarem sua consciência crítica e descobrirem que são pobres não por determinação do destino, mas por imposição de uma sociedade de classes.

Tanto Ricardo Velho que é militante da Intersindical, como Maicon cumpriram seu dever de oficio, são trabalhadores que sabem que o dever de quem ensina é socializar o saber.

E mesmo assim tudo o que fizeram no campus de Abelardo Luz, foi feito dentro das cercas impostas pelo Estado. Desde os concursos para professores, a metodologia e disciplinas dos cursos, como o funcionamento do Instituto tudo foi feito dentro das regras impostas pelo Estado

O ódio da burguesia que se mostra nas falsas acusações contra esses dois companheiros reside no fato que além de não terem ali mais um espaço que seja a extensão de seus negócios, agora os filhos dos trabalhadores não têm que andar horas até sangrar os pés para ter acesso ao conhecimento.

Ricardo e Maicon já tomaram as devidas providências para se defender das falsas acusações montadas pelos agentes do agronegócio e além disso a solidariedade se amplia entre as Organizações dos Trabalhadores, movimentos sociais, comunidade cientifica, que sabem que a acusação contra os dois trabalhadores, é a manifestação escancarada do Estado agindo para atender os interesses daqueles que controlam economicamente a sociedade.

MAIS DO QUE SOLIDARIEDADE ESTAMOS JUNTOS COM RICARDO, MAICON, COM OS ESTUDANTES E SEUS PAIS QUE LUTAM POR ACESSO AO CONHECIMENTO.

É NA LUTA QUE VAMOS DERRUBAR MAIS UMA TENTATIVA DE CRIMINALIZAR OS QUE NÃO SE CURVAM AOS INTERESSSES DO CAPITAL E SEU ESTADO.