A BÁRBARIE TAMBÉM PRODUZ A INDIFERENÇA TÃO ÚTIL AO CAPITAL

Em menos de dez dias mais de cem pessoas encarceradas foram assassinadas, todas elas estavam sob a tutela do Estado que através de seus gerentes nos governos estaduais e federal se limita a dizer que tudo é culpa da guerra entre facções criminosas, facções essas que existem com a conivência desse mesmo Estado.

As primeiras semanas foram marcadas por outros crimes que também mostram o lado mais cruel de uma sociedade que dividida em classes produz: o ódio ao diferente, a indiferença frente à miséria.

Mulheres e homossexuais espancados e assassinados e a ideologia dominante ainda tenta culpar a vítima, como se seu crime fosse o gênero que lhe foi imposto, como se fosse crime sua orientação sexual, o seu direito de dizer NÃO à submissão.

O Estado tenta sempre esconder a miséria produzida por essa sociedade capitalista: e o faz de diversas formas e isso não pode passar desapercebido, pois para o Capital também interessa que a violência, a miséria, o desalento sejam naturalizados a tal ponto que seres humanos pertencentes a uma mesma classe, a classe produtora de riqueza, ou seja, os trabalhadores, não se reconheçam.

Um exemplo recente disso acontece na cidade de São Paulo, o prefeito do PSDB João Dória começou o governo com sua “operação cidade linda”, que para ele significa retirar das principais avenidas e praças os moradores de rua que não estão lá por opção. Essa ação que já vem de governos anteriores incluindo o governo do PT, não tem outro objetivo a não ser “limpar” dos olhos da burguesia a miséria produzida por ela mesma. Tratar como lixo o ser humano que dele já foi retirado praticamente tudo: a casa, o emprego, a comida, tratar como escória e como caso de Polícia, as centenas de pessoas em sua grande maioria jovens dependentes químicos é tentar esconder a barbárie produzida por essa sociedade do Capital. Sociedade essa, em a riqueza produzida pelos trabalhadores é apropriada pela menor parcela dessa sociedade, a burguesia, enquanto aqueles que produzem o valor vivem cada vez com menos e com mais dificuldade. Enquanto a burguesia concentra a riqueza, tenta esconder aqueles que não tem sequer o mínimo para a sobrevivência e tentam sobreviver embaixo dos viadutos, marquises, esquinas.

Não ser indiferente e não ficar apenas na indignação frente à miséria, à violência, à barbárie que a sociedade dividida em classes produz, mais do que um passo é ação fundamental para construção de uma outra e nova sociedade em que a vida seja respeitada, em que o trabalho não seja exploração, em que ser diferente não signifique ser desigual.