[Bahia] GREVE NA CONDER SE ENCERRA, MAS A LUTA CONTINUA!

A greve dos trabalhadores da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia, iniciada no dia 21 de julho, se encerrou neste dia 4 de agosto, após deliberar-se em assembleia que as negociações chegaram a seu limite: o instrumento greve foi encerrado, mas a campanha salarial continua. A intransigência do estado tornaram qualquer tipo de acordo coletivo impossível. Durante todo este tempo só nos apresentaram propostas que significavam a não reposição salarial e até mesmo perdas de direitos históricos. Aceitá-las significaria jogarmos no lixo uma história de décadas de luta e a atual geração jamais poderia assumir tal fardo. Com a chantagem de que nós teríamos que abrir mão do nosso plano de saúde para angariarmos meras promessas no plano de cargos, nos impuseram o caminho do dissídio coletivo.

Conjuntura 

As inúmeras greves (nas universidades, na saúde, na justiça, na Cerb, etc) e mobilizações que ocorrem em toda a Bahia, no Brasil e no mundo, nos servem para escancarar que o estado, independente dos que estejam em sua direção e do regime adotado, será sempre um instrumento utilizado pela burguesia para garantir a reprodução do capital e a exploração da classe trabalhadora. A receita, seja em Atenas ou em Salvador, é a mesma: corte de verbas nas áreas sociais (educação, saúde, previdência), privatização de setores rentáveis (rodovias, aeroportos, água, correios), arrocho salarial e retirada de direitos (Programa de Proteção ao Empresariado-PPE, MPs 664 e 665). Os patrões criam as crises e querem que os trabalhadores paguem a conta. Até o discurso da falta de receitas é unificado. Mas sabemos muito bem que não falta dinheiro nunca para alimentar os bolsos daqueles que os colocaram lá. O que nos leva a uma situação em que não lutarmos será o mesmo que deixarmos que eles nos arrastem a condições que coloquem a nossa própria humanidade em risco.

Avançar na organização

Um dos maiores saldos desta greve foi o desmascarar do caráter burguês do estado, independente de governos, e a solidificação dos laços de solidariedade entre a classe trabalhadora. Aprendemos que se não lutarmos será pior e que a luta deve ser feita de forma organizada. Percebemos muitos problemas e devemos nos preparar para as lutas que, com certeza, iremos travar nos próximos períodos. Nos formarmos, preparar materiais e ampliar a mobilização entre nossos colegas são só algumas dessas. Não devemos mais nos iludir com falsas alternativas e depositarmos nossa esperança naqueles que são eleitos para meramente garantir o lucro de empreiteiras, banqueiros e latifundiários. Não serão estes instrumentos que darão conta das nossas necessidades. 

A única saída é a luta 

Todos os direitos que nós temos foram conquistados pela luta histórica da classe trabalhadora. Nada nos foi dado de graça por governante nenhum. Muitos camaradas padeceram em torturas e deram o seu próprio sangue para que nós continuemos a lutar por nenhum direito a menos e para avançar rumo a novas conquistas.

Também fica evidente que, neste processo, não devemos confiar nos mecanismos criados pelo estado: a polícia e a justiça estão a serviço da classe dominante. Vários são os entraves a nossa mobilização como a própria Lei de Greve (que permite que a empresa se prepare para nos sabotar), o imposto sindical (que sustenta, em sua grande maioria, instrumentos de conciliação com o capital), o papel dúbio do MPT, etc. Assim, nossa mobilização deve é ser ampliada para que consigamos lotar a audiência no TRT marcada para o dia 25 de agosto. Para esta e para tudo mais o que vier, para que deixemos claro que não cederemos na defesa de nossos interesses.

Ainda temos muitas lutas pela frente, como aquelas contra a terceirização, contra o assédio, por condições salubres de trabalho, por um PCCS digno, etc. Por isso é fundamental termos bem claro que quaisquer conquistas (como a convocação parcial de mais 15 concursados) terão vindo única e exclusivamente através das lutas do presente, das feitas pelas gerações passadas e das que ainda iremos construir.