Nota da Intersindical contra a criminalização dos lutadores do campo

O companheiro Gentil Vieira e outros oito militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que há cinco anos aguardam encarcerados por um julgamento justo continuarão presos por pelo menos mais dois meses. O julgamento, que aconteceria nessa terça-feira, dia 24, foi adiado por causa da ausência de membros do júri e uma nova audiência deve acontecer apenas no dia 4 de maio.

Gentil e os demais trabalhadores rurais estão presos desde 2010, acusados de envolvimento na morte de dois criminosos que atuavam como pistoleiros contratados por fazendeiros, na região de Francisco Beltrão.

O episódio que supostamente justifica a prisão desses nove militantes está relacionado a uma série de ataques realizados a mando do agronegócio em acampamentos do movimento sem-terra na região sudoeste do Paraná. Em 2007, Gentil foi baleado quando cerca de 40 pistoleiros atacaram o acampamento da Via Campesina na fazenda da Syngenta, em Santa Teresa do Oeste. Nesse confronto, o militante do MST e da Via Campesina, Valmir Mota de Oliveira, mais conhecido como Keno, foi assassinado à queima roupa.


A pressão econômica e política do agronegócio na região transformou a morte de dois pistoleiros em um instrumento de perseguição política e de retaliação às ocupações de terras. Enquanto a Syngenta e os assassinos de Keno seguem impunes, Gentil Vieira, Adir da Luz, Dirceu Zeni, Moisés Machado, João Veloso, Márcio da Silva, Jacir Arreal e Valdecir Sturm aguardam há cinco anos o momento de se defenderem. A prisão preventiva desses valorosos companheiros – que seguem encancerados sem direito sequer de aguardar o julgamento em liberdade – demostra a forma brutal como o capital e seu estado agem para criminalizar e silenciar os lutadores que ousam se levantar contra a concentração de terras e o agronegócio no Brasil.


A Intersindical manifesta seu apoio aos nove companheiros presos e expressa seu repúdio à criminalização dos lutadores e dos movimentos sociais.