Foi a ocupação nas fábricas da Mabe em Campinas e Hortolândia responsável por garantir o início do pagamento aos trabalhadores.

E a luta continua, mesmo com a desocupação: contra a Mabe e seu golpe travestido de falência que ataca os trabalhadores em todos os lugares onde está.

Quase 120 dias, em que homens e mulheres trabalhadores na Mabe não recebem salários, não tiveram seu 13֩ salário pago integralmente e assim tudo começa a faltar em casa: o dinheiro para o aluguel, para por comida dentro de casa, para alimentar dignamente os filhos, para garantir o material escolar das crianças, para garantir luz e agua dentro de casa.

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Enquanto os metalúrgicos careciam do básico porque lhes foi negado o direto básico do pagamento de seus salários e lhes foi arrancado o emprego, os responsáveis pela recuperação judicial, capachos da multinacional Mabe, ao mesmo tempo em que anunciavam a falência da fábrica, também anunciavam seus planos em reativar a planta de Hortolândia sob novo CNPJ e seguir expandindo seus lucros.

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Mas durante esses quase 120 dias não houve espaço vazio de luta, os trabalhadores sempre juntos com o Sindicato, acamparam em frente as duas fábricas e com anuncio da falência, deram mais um passo e foram para dentro da fábrica. E foi a ocupação que garantiu avanço nessa batalha que ainda não acabou.

O Estado com todos seus braços a serviço do Capital

Além dos responsáveis pela massa falida insistirem com as demissões, o calote nos salários, o desrespeito aos direitos de quem teve parte da saúde levada pelo processo nocivo da produção, a Mabe contou com mais braços do Estado, dessa vez armado, para o serviço sujo de atacar os trabalhadores.

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Na tarde do domingo de 3 de abril, a Polícia Militar junto à oficial de Justiça porta-voz da reintegração de posse, invadiram a Mabe em Hortolândia, por terra e ar, com seus helicópteros, bombas, gases, tocaram o terror de Estado contra os trabalhadores. É o mesmo braço armado do Estado que invade as comunidades, favelas e mata as crianças e jovens, filhos de nossa classe. São em momentos como esse que se escancara a quem é dedicado o lema da Policia “Servir e Proteger”, estão a serviço de proteger a propriedade privada do Capital, mas que só existe fruto do trabalho dos trabalhadores.

A resistência escancarou o calote da Mabe e garantiu o início do pagamento do que deve aos trabalhadores: mesmo sendo retirados a força pela Policia Militar, os metalúrgicos na planta de Hortolândia continuaram acampados na frente da fábrica. E em Campinas sempre junto com o Sindicato, os trabalhadores entrincheirados e com barricadas se mantiveram firmes na defesa de seus direitos e de suas vidas.

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A partir disso, o Judiciário teve que se mexer e na audiência realizada no dia 08 de abril, os responsáveis pela massa falida tiveram que se comprometer em iniciar o pagamento aos trabalhadores nos próximos dias que será no início no valor de até 5 salários mínimos e seguimos exigindo que de todos os pagamentos que a Mabe tem a fazer, a prioridade seja o que deve aos trabalhadores. Além disso o processo que denuncia a fraude da falência continua como também os processos dos trabalhadores que têm estabilidade por serem vítimas de acidente e doenças provocadas pelas condições de trabalho.


A nossa luta atravessou a fronteira do país:
nos últimos dias o Sindicato recebeu mensagem dos metalúrgicos na Mabe de Montreal, Canadá, relatando o que sofreram: no mesmo período que a Mabe arquitetava seu golpe no Brasil, lá os trabalhadores foram demitidos em massa, perderam direitos e não receberam salários. A Mabe também deu o mesmo calote, escancarando o que quer: além de se livrar das dívidas provocadas de propósito, quer se livrar de quem produziu seus lucros e adoeceu por causa das condições de trabalho.

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Na manhã do dia 13 de abril, os metalúrgicos na Mabe juntos com o Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e região/Intersindical, decidiram suspender a ocupação da fábrica, mas seguem a mobilização pois a batalha contra o golpe da Mabe ainda é longa.

Sem ilusões com o Estado que seja pela força armada, seja através das isenções fiscais feitas pelos governos está pronto para anteder os interesses privados do Capital e não os trabalhadores.

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Conscientes que para enfrentar esses ataques num momento em que a maioria das centrais sindicais ao invés de lutar contra os ataques, estão aceitando as demissões, a redução de salários e direitos, ou outras organizações que falam em resistir e lutar mas onde estão não o fazem, nosso caminho é seguirmos firmes com as Organizações que não se renderam ao Capital e seu Estado.

Portanto a luta dos metalúrgicos na Mabe continua, juntos com seu Sindicato e a INTERSINDICAL – Instrumento de Luta e Organização da Classe Trabalhadora e às Organizações que para além da solidariedade ativa se mantiveram junto conosco desde o início.

CONTRA O CALOTE E O DESRESPEITO AOS DIREITOS SEGUIMOS A LUTA JUNTOS E FIRMES.